A Teoria do Palavrão
Um palavrão no momento certo é sem dúvida útil e bastante terapêutico. Não acreditam?! A sério! Não estou apenas a desculpar-me por mandar umas quantas bujardas de vez em quando. Não se trata disso, mas é a mais pura das verdades e por muito que uma pessoa possa dizer que não o faz, é porque é uma mentirosa. Uma pessoa queima-se num tacho lá em casa e vai berrar “CÓ-CÓ” ou “ESCREMENTO” ou “PROCRIAÇÃO” ou até mesmo “PÉNIS”, muito menos vai berrar com certeza, “RELAÇÃO SEXUAL” que são duas palavras em que é preciso algum poder de articulação, que a dor que se está a sentir no momento não permitem. Eu grito com todos os pulmões palavras como “foda-se” “merda” e “caralho” umas boas vezes enquanto estou aos pulos pela cozinha, até me lembrar que há uma torneira ali ao lado para poder pôr a mão debaixo de água e aliviar a dor. O que queriam que eu fizesse? Dissesse “ai ai ai que me queimei”?
É como naquelas situações de frustração com um pouco de raiva à mistura. Por exemplo, vamos jogar à bola e o jogo está renhido, o que faz que de um jogo de amigos se torne rapidamente numa aguerrida competição. Um colega tem um lance infeliz e a outra equipa marca um golo, gritamos logo “Foda-se és uma merda, como é que deixaste a bola passar” ou algo do género. O que é que o palavrão faz aqui? Evita agressões físicas, porque o tipo merecia era um bom par de estalos por aquele golo que sofremos. Até podemos perder o jogo por causa daquele golo e depois estamos a ser gozados pela outra equipa uns bons 10 minutos enquanto pagamos o aluguer do campo. 10 minutos de humilhação, 10 minutos inteirinhos, até podiam ser 5 se o pessoal levasse dinheiro trocado, mas não, são 10. Há também a pura frustração, que normalmente acontece quando se vai ver as pautas das notas na universidade. Aí um ténue “foda-se”, acompanhado com um passar a mão pela cabeça é sempre habitual, quando se olha para a nota de apenas um dígito e dos mais baixinhos. Aqui, é terapia pura, em vez de andarmos a pensar porque é que tivemos aquela nota e em que é que falhamos, dizemos o palavrão e evita-se um monte de perguntas que não nos vão elucidar por aí além, vamos para o bar com a nossa frustração que se vai embora acompanha de um café e a companhia de uns quantos amigos.
O palavrão serve também para expressar com todo o seu esplendor e merecida magnitude um momento de extrema alegria. Um tipo passa à cadeira mais difícil do curso e não diz “Que bom, passei”, não, uma pessoa para conseguir mostrar o quanto aquela situação lhe causou uma incomensurável sensação de alegria e de conquista tem de gritar “PASSEI, CARALHO… PASSEI” e só assim o espírito daquele momento é correctamente verbalizado.
E assim que tenho que concluir que o palavrão além de útil para expressar determinados estados de espírito, é também benéfico para a saúde mental daquele que o profere e da própria ordem social por evitar agressões físicas com o lançar de uma simples palavra, que exactamente pela sua força e extrema importância é denominada com o superlativo de “palavra” ou seja “palavrão”.
1 Comments:
Menos Paulo, menos...
1:34 da tarde
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