Padrão de Falhanço
Sim ou não, esquerda ou direita, agora ou nunca, são tudo escolhas com que nos deparamos diariamente. E temos que as fazer, não temos outra hipótese. A escolha por vezes pode ser fácil, às vezes é reflectida, outras vezes é tomada num impulso, mas a única certeza que podemos tirar da nossa escolha é que não há certezas se é a escolha certa. É que por vezes nem é a mais reflectida a que terá mais hipóteses de ser a mais acertada, nem a tomada num impulso aquela que terá a maior probabilidade de ser a mais errada. Sorte, acaso do destino, ou os deuses a brincarem connosco? Não, na minha perspectiva, nós somos seres programados em atitudes padrão que condicionam a nossa forma de agir. Quem faz uma má escolha em relação a qualquer coisa, mais tarde, a probabilidade de ao surgir ocasião semelhante, é tomar exactamente a mesma má decisão. É nisto que falhamos, daí pensarmos que naquele ou noutro aspecto nada nos corre bem, mas a culpa é completamente nossa, temos um padrão de comportamento que leva inevitavelmente ao falhanço e não conseguimos fazer o “reboot”.
Quer dizer, até conseguimos, mas isto leva a quebrar algumas das nossas certezas absolutas, quebrar com dados garantidos e a admitir aquilo que julgávamos inadmissível.
Aqui vai um exemplo idiota que já é apanágio da minha pessoa. Tudo isto é como os brócolos, sim os brócolos. Quando somos miúdos odiamos brócolos, nem sequer experimentamos, sabemos simplesmente que odiamos. Depois de passarmos anos a comer bifes que nos são muito mais apelativos, mas que acabam inevitavelmente em indisposições e a remediar as coisas com uns compensans (viva os Rolling Stones!! É uma private que só algumas pessoas perceberão). Um dia, por acaso, comemos uns brócolos e até gostamos e, além de gostarmos até nos apercebemos que nos fazem bem. Este é um exemplo claro de um “reboot”, a partir daquele momento quebrámos o padrão, somos mais felizes e o nosso tracto digestivo agradece.
A dificuldade toda é primeiro percebermos que temos o padrão de falhanço, depois lutar contra ele. A luta contra ele parte por saber identificar as semelhanças de tudo o que nos aparece à frente com o nosso padrão de falhanço e fugir disso, depois basta abrir a mente a situações diferentes e não fugirmos delas só porque não fazem parte do padrão de escolha habitual, se estamos a gostar do pouco, pode ser que se passe a gostar muito do todo, mesmo que ao principio não pareça assim tão apelativo. Daí, ou descobrimos um padrão de sucesso, ou mais um padrão de falhanço. Eu nunca disse que era uma táctica infalível, mas representa uma mudança e corre-se o risco de passar de sucessivas escolhas erradas, a conseguir fazer escolhas acertadas. Não acham que vale o risco? Eu acho que sim.
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