Fugir à insanidade.
Quero viajar, quero fugir, quero desaparecer, esfumar-me do ar. Estou com vontade de algo diferente da rotina chata que me vai moendo a paciência e a sanidade. Estou a precisar de me alhear a tudo o que me rodeia que eu não gosto e que me aborrece. Esta vidinha insignificante a correr para todo o lado sem tempo para nada, em que não contribuo em nada, para nada, está a matar-me aos bocados como uma tortura lenta sem dor mas eficaz. É um veneno que se vai espalhando e nos torna mais velhos, mais cinzentos, mais iguais a todos os outros, cada vez mais um número e menos uma pessoa. Apetece-me fazer o que me der na gana, qualquer coisa que seja, Apetece-me beber até cair, andar de bicicleta, jogar à bola, foder, olhar para o mar, dormir, correr, trepar uma arvore, mergulhar no mar, sentir o vento a bater na cara… apetece-me tudo. A minha vontade de viver não aguenta esta prisão, livre de grades mas fértil em compromissos e responsabilidades. Por um momento na minha vida quero ser um ninguém, errante e inconsequente. Saborear a vida como alguém que abre os olhos e vê tudo o que o rodeia pela primeira vez.